Se os adventos tecnológicos fazem parte da história da humanidade nos últimos 50 anos, os conceitos de Cidade Digital e Cidade Inteligente são ainda mais recentes, discutidos com mais ênfase neste século XXI. O desafio que se estabelece é maximizar os investimentos de Tecnologia na Gestão Pública como uma das principais ferramentas para uma mudança no sistema político, com mais rapidez no acesso às informações, corte de privilégios, fim do abominável “jeitinho brasileiro” e, assim, caminhar para um Governo Inteligente.

Por 2 finais de semana, tive a oportunidade de participar na Unicamp de um curso de extensão, coordenado e administrado por mestres e doutores, sob o tema “Smart Cities: Conceitos, Temáticas, Desenvolvimento e Aplicações”. Inegável a qualidade do curso, especialmente pela capacitação dos professores, mas o mais importante foi vivenciar, entre os participantes, o desejo de aplicabilidade das ferramentas tecnológicas existentes tanto no setor privado como, especialmente, no setor público. E, pela motivação em si, é um passo decisivo para o êxito deste importante e decisivo alinhamento entre Tecnologia e Gestão Pública.

O campo de trabalho é ainda árduo. Segundo dados do Ministério de Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicação apenas 18% das Prefeituras do Brasil declaram ter projeto ou plano de cidade digital. Com é uma pesquisa baseada em declarações das Prefeituras, é possível que este número retrate apenas um plano ainda básico, sustentado em pontos de acesso à Internet ou algo ainda incipiente. São raras as cidades no Brasil com projetos sólidos em Cidade Digital, compreendendo cadastro único dos cidadãos, interoperabilidade dos sistemas de informação, aplicativos com foco em sustentabilidade e soluções rápidas aos cidadãos. Ainda, municípios com propostas de Cidades Inteligentes são ainda menores, com inovações pontuais para alguns setores.

Na Região Metropolitana de Campinas, formada por 20 cidades, é possível notar os avanços das cidades nos investimentos em Tecnologia. Há casos de destaque como as cidades de Vinhedo, Campinas, Jaguariúna e Indaiatuba, com ações de sucesso e impacto inteligente para o dia a dia dos cidadãos. Vinhedo, por exemplo, permite a abertura de uma empresa, 100% on line, em até 24 horas, com consulta prévia de viabilidade de implantação do negócio em determinada área da cidade, incluindo os documentos necessários e demais encaminhamentos. Ainda, é possível, com o cartão cidadão já emitido, agendar consultas para clínico geral, pediatra e ginecologista pela Internet, assim como aos pais dos alunos na Rede Municipal acessar a vida estudantil de seus filhos, como notas, faltas, entre outras informações. Outras ações em andamento, como parcerias público-privada preveem outros ganhos aos cidadãos, incluindo ações que colocam as ferramentas tecnológicas como soluções ao dia a dia.

O grande desafio é permitir a troca destas experiências entre as cidades e estabelecer parcerias que possam envolver Poder Público, Tecnologia e Boas Práticas a serem implantadas, sempre com o viés de solucionar questões práticas para a gestão pública e, especialmente, no foco principal e final, para o dia a dia dos cidadãos.

Governo Inteligente é aquele que permite tirar o “nó” da burocracia tão questionada em nosso país e aplicar, por intermédio de soluções tecnológicas, resultados eficientes e que permitam modernidade e uma nova gestão pública, com eficiência, menos privilégios e mais praticidade.