Se você não tivesse assistido o jogo, não soubesse o resultado e apresentasse a você estes números, quem você diria que teria vencido a partida? Brasil: 26 tentativas de chute a gol, sendo 10 bloqueadas pela Bélgica, 7 chutes para fora e 9 no gol. Bélgica: 8 tentativas de chute a gol, sendo 2 bloqueados pelo Brasil, 3 chutes para fora e 3 no gol. Brasil: 557 passes, sendo 88,33% de passes certos. Bélgica: 369 passes, sendo 82,92% de passes certos.

Pois é… O futebol é uma das modalidades esportivas mais emocionantes, porque somente a análise estatística não permite identificar como foi o jogo. Há elementos que elevam a qualidade da partida e permite diferenciar a equipe que mais se entregou, com assertividade, eficiência no planejamento e na estratégia, controle emocional e, claro, no “bom jogo” dos seus atletas.

O 1º tempo do Brasil foi irreconhecível, ao ponto que a Bélgica soube aproveitar, com precisão e eficiência, características de uma equipe europeia, os erros da seleção canarinho. O 2º tempo, o Brasil voltou um pouco melhor, embora, se eu fosse o técnico (brasileiro tem mania disso, né?), já teria entrado com o Douglas Costa, o Renato Augusto e o Firmino desde o intervalo. Com 2 a 0, o Brasil foi pra cima da Bélgica, conseguiu um bonito gol de cabeça de Renato Augusto mas parou na muralha belga, com grandes e precisas defesas do goleiro Thibaut Courtois. A Fifa escolheu o craque Kevin De Bruyne, autor do 2º gol belga, como o melhor da partida. De fato, ele desequilibrou, com jogadas precisas e o gol, mas fica o registro do goleiro belga pela grande exibição, que segurou o resultado.

A Copa segue. Amanhã temos outros 2 jogos. Rússia e Croácia. Inglaterra e Suécia. Meus palpites. 3 a 1 Croácia e 2 a 1 Inglaterra. Sobre as finais, bem, amanhã falamos mais.

Que o resultado sirva para o Brasil entender que o mundo esportivo também mudou, as distâncias estão mais curtas e as diferenças de qualidade entre as seleções, que nas copas do século passado eram gritantes, hoje são muito mais restritas e os jogos mais competitivos.

O Futebol é comentado, no Brasil, pelos grandes salários dos atletas que jogam na Europa. Mas não na mesma proporção dos diretores e profissionais do esporte brasileiro. Que este também seja um momento importante de reflexão e oportunidade para criarmos um planejamento no estilo que os belgas fizeram, investindo nas seleções de base, oferecendo oportunidade aos clubes para que façam o mesmo, criando um novo sistema no nosso país que, de fato e de direito, priorize o profissionalismo no futebol, como alguns clubes nacionais já fazem.